quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Essêncial...Josep Maria Jodar i Godard

Por vezes há histórias, pessoas, criações, realidades que surgem na nossa vida por mero acaso, sem que nada fizessemos para que tal assim acontecesse.
Para os que acompanham este blog, é obvio que me nutro desses sobressaltos do quotidiano que de forma inesperada esbarram em cheio por entre as rotinas automáticas do dia-a-dia, monopolizando os sentidos, enriquecendo-me o espirito e mantendo-me conectado ao que me rodeia e que realmente interessa.
Obviamente todos temos os nossos filtros e eu sou especialmente sensível a estímulos visuais, sobretudo, se tiverem como elemento principal - cultura de surf.
E nisto num destes dias, sem dar muito bem por isso, entre um assunto e outro, uma espera e uma curta conversa, um cumprimento e uma combinação, dou por mim com um bonito portfólio, em capa dura muito simples, com o título: "Godard Essentials".


A natureza da situação, em que tal aconteceu, não permitiu que explorasse com a merecida atenção esta publicação, estéticamente agradável, da autoria de Josep Maria Jodar i Godard . Contudo, embora o momentâneo contacto, tinha sido o suficiente para que a minha curiosidade e interesse, sobre o que aquelas páginas revelavam, não tivesse sido demais desviada.
Tinha que conhecer, saber do que se tratava, contemplar o trabalho e formular uma opinião...
Na verdade, a sensação imediata que tive foi despertada pela intensa luz que as pinturas ali representadas possuíam. À obra de Godard pode atribuir-se à primeira vista um carácter casuístico e simplista, que remete para um tipo de fotografia amadora, cuja composição é banal. No entanto, as pinturas a óleo de Godard, apesar de reflectirem um quotidiano estival que é próximo ao autor: paisagens e imagens da realidade balnear da sua região a Costa de Maresme na Catalunha, revelam uma transformação complexa desse espaço com profundas influências da cultura de surf Californiana. Na verdade, ao ver estes quadros o observador questiona-se relativamente ao espaço e ao tempo da imagem. As praias, as estradas, as paisagens e a luz, podem de repente ser de uma Califórnia dos anos 60 e 70.


"Surf Diumenge" - Óleo sobre tela - 31,5 x 21 cm



Respira-se Grannis na pintura de Godard, na forma como capta o surf e a sua vivência, e sobretudo no imaginário que se constroi, que se sobrepõe convictamente à realidade ali expressa. Para tal efeito contribui o perfeito domínio das cores, dos jogos de luz e de sombras, os fortes contrastes, a distribuição de zonas nítidas contrastando com a luz ofoscante de outras zonas e, em último plano, a composição equilibrada, sem elementos superfluos e acessórios.
Tudo nas suas obras é essêncial e essência.
O resultado é um trabalho apelativo que espraia o espírito do observador e transporta-o pelas referências culturais e históricas do surf.
Godard surpreende, pela intimidade e maturidade cultural surfística e pela sede de surf como conceito abrangente. É que, na verdade, a Costa de Maresme está longe de ser uma meca do surf...
Essêncial Godard, porque prova mais uma vez que surf é muito mais do que o simples acto de surfar.

Vale a pena, portanto, visitar o blog: josemariajodar.blogspot.com

"Surfers, Maresme CA."- Óleo sobre tela - 29x 22 cm

Imagens retiradas do blog: josepmariajodar.blogspot.com




quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Luto...

O Surf é poderoso e fantástico, porque na verdade é muito, muito, mais do que o simples acto de surfar...e é sempre a única saída possível para quem a ele se entrega. Ao poeta de imagens de surf, Nathan Oldfield.

Stillbirth & Surfing from Nathan Oldfield on Vimeo.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pedido


Em terra, não sei quem fui,
Não tenho presente,
E não vislumbro o dia de amanhã...

Devolve-me a minha luta,
Leva-me de volta ao mar.

André Falcão, 2011

domingo, 6 de novembro de 2011

The Paul Witzig Collection

Em busca de imagens de outras épocas do surf, tropeçei nesta interessante colecção de três filmes de Paul Witzig, fotógrafo e realizador australiano.
O interesse de Paul pela fotografia inicia-se desde cedo, ainda em criança, mas é mais tarde anos 60 e 70, que Paul produz três verdadeiros documentos históricos, "The Hot Generation" (1967), "Evolution" (1969) e The Sea of Joy" (1971) que retratam um dos momentos mais marcantes da história do surf, a Shortboard Revolution. Este foi um momento que muitos sentenciaram como o fim da era dos Longboards, uma época de experimentalismo e uma primeira abertura a diferentes possibilidades e formas shapes.
Mas se isto e a possibilidade de visualizar os protagonistas deste movimento, tais como Wayne Lynch, Nat Young ou McTavish em acção não chegasse, o que torna hoje estas três obras ainda mais atraentes, é o facto de estarem disponíveis totalmente restauradas e com muito melhor qualidade de imagem.
Viajemos então no tempo...





quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Stoked & Broke

No ultimo dia 21 de Outubro, o representante em Portugal da marca Rhythm dinamizou um evento num dos principais bares da praia do Baleal, em Peniche. Tive a oportunidade de estar presente neste manifesto e louvável esforço por desenvolver um evento que, para além de promover uma marca, procurou descolar-se da imagem tradicional dos eventos de surf.
No entanto, o que me levou hoje a prescindir de algum tempo de sono, para aqui vir traçar estas linhas, não foi tanto o evento, mas sim o filme que lá foi exibido.
Independentemente de uma possível e talvez pertinente discussão sobre a escolha do filme e da sua adequação ao evento em questão, o filme "Stoked and Broke" de Cyrus Sutton, foi uma agradável surpresa para mim.
De facto, desconhecia este filme de surf, mas desde a originalidade e quase "activismo" do argumento, à qualidade da filmagem, tudo me levou a dar de imediato nota alta a este filme.
Num tempo de escassez, é bom relembrar que de facto é preciso pouco para fazer feliz um verdadeiro amante de ondas, de forma a nos mantermos livres e optimistas...é que na verdade viajar pode ser barato e quase tudo o que flutua é passível de ser surfável.
Melhor mesmo que falar, é deixar-vos com algumas imagens desta bíblia, ou antes guia do desenrascanço.

Stoked & Broke Teaser from www.KORDUROY.tv on Vimeo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Displacement Hull - Surf Gourmet



Aceitar uma prancha emprestada pode ser um problema se nos apaixonarmos e redescobrirmos o surf com ela!
De facto, foi o que me aconteceu com a Displacement Hull de tail assimétrico, shapada por Ryan Lovelace e pertença do Rui da Magic Quiver, que gentilmente ma cedeu por alguns dias, agora já semanas.
O shape inovador e experimental, deste shaper de nome melódico, é por si só sedutor fora de água, despertando a curiosidade de todos os que a observam...Não é de estranhar, portanto, que com esta prancha se demore mais de 10 minutos a percorrer os poucos metros que separam um parque de estacionamento de uma praia e a sua linha de água. Ouve-se todo o tipo de comentários: "Meu que tábua é essa pá?Isso é super fininho..." ou perguntas como: "Qual o truque desse tail pá?" ou ainda "Olha, atenção, que perdeste um fin".



De facto, este shape materializa toda uma concepção de design completamente livre, que não recorre a receitas ou a dogmas sobre o que funciona ou não funciona. Recorre sim, a conceitos elementares de hidrodinâmica e a um apurado sentido de geometria e volumetria por parte deste talentoso e criativo shaper.
O surf com esta prancha necessita de mentes abertas para a aceitação destes diferentes conceitos de hidrodinâmica e de corpos que procuram a máxima fluidez de movimentos na execução de linhas perfeitas. O resultado é uma prancha mágica que proporciona um deslize perfeito, equilibrado, em completa sintonia com a dinâmica da onda, deslocando-se sobre ela aproveitando a sua energia de uma forma mais plena...
A compreensão deste estilo de surf é elementar, mas dificil de ser interiorizada...deixando confusos alguns dos que me abordavam na praia. Na verdade, a relação homem/onda é muito mais complexa e profunda, visto que para o melhor aproveitamento das ondas, é necessário uma maior sensibilidade por parte do surfista. Para se ser bem sucedido com ela é, então, preciso que o surfista inverta um pouco a lógica e o papel demasiado activo que normalmente tem sobre a onda e aproveite melhor o que a onda está a oferecer a cada momento, para...fluir secção após secção.
A revolução cultural do surf está a chegar!

O meu especial agradecimento ao Rui da Magic Quiver.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Zarautz Noseriding Classic 2011


Dia 1 de Outubro, mais um encontro da turma dos Clássicos, desta vez em Zarautz, País Basco.
Um encontro de amigos, que se realiza pelo 3º ano consecutivo, para disfrutar de bons glides e noserides cheios de estilo apenas de SingleFin.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

The Surfers's Journal - 20 anos

Uma homenagem merecida, a uma das mais clássicas publicações sobre surf, The Surfer's Journal.
Não sendo uma das mais antigas revistas de surf, The Surfer's Journal, não deixa de ser uma referência de qualidade e integridade aos valores genuínos do surf, bem patentes nos artigos publicados, que fazem de cada edição, uma edição de coleccionador.
A estética simples da capa, equilibrada entre o belíssimo e icónico logotipo e uma fotografia inspiradora, mas que não transborda pornográficamente por todo o espaço destinado à capa, são a primeira impressão e ponto de partida para a evasão que se segue pelas paginas seguintes, repletas de histórias e cultura de surf.
Felizmente, há no surf coisas muito boas que nunca vão mudar...sobretudo a capacidade de gerar pessoas que sonham e fazem os outros sonhar.

Um vídeo com o "alto" patrocínio da consciente e civilizada empresa Patagonia, realizado por Jason Baffa e com entrevistas por Chris Malloy.

Patagonia Celebrates the Surfer's Journal 20 yrs. from jason baffa films on Vimeo.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Perdidos e Achados!!

À descoberta de perdidos e achados...divulga-se esta bela série de Tyler Manson e da Mollusk Surf Shop, focada em diferentes personalidades do "clássico".
Aqui, para começar um homem da Rhythm, Dane Peterson:



Belinda Baggs:



Alex Knost:



e para terminar, Dan Malloy:

Lost and Found...

Mal posso esperar por ter um tempinho para me sentar no sofá a ouvir estas histórias de "perdidos e achados"!

Lost & Found Official Trailer from Corduroy Films on Vimeo.


Perdidos e achados...fiquemos por aqui à descoberta.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

The Critical Slide Society

Após algum tempo ausente, imerso em trabalho, experiências novas, actividades inconciliáveis, imprevistos...hoje arranjei um tempinho para vir à tona, respirar e partilhar algo!



Desta vez The Critical Slide Society, uma criação de um grupo de surfistas/artistas da Australia e Estados Unidos que buscam nas raízes e nos elementos simples e iconográficos do surf dos anos 60 e 70, a inspiração para o seu surf e para a suas criações.

Mais uma vez surf como elemento congregador de diferentes actividades...

Surf como movimento cultural e estético, aberto a todos os que se interessem por deslizar nas ondas com o que for mais divertido para cada um...será este o futuro?







Curiosamente o filme é novamente de Nathan Oldfield.

domingo, 10 de julho de 2011

terça-feira, 7 de junho de 2011

Vans Duct Tape - Festival de Longboard Salinas 2011

Tal como já tinha sido anunciado pelo próprio Joel Tudor na primeira edição deste evento, em Steamer Lane, Santa Cruz-Califórina, o próximo "anti-contest contest" realizar-se-ia, bem perto de nós, na praia de Salinas nas Asturias, Espanha.
E de facto esta "competição" vai ter lugar entre os dias 28 e 31 de Julho, durante o Festival de Longboard de Salinas de 2011, que vai actualmente na sua décima edição, sendo já uma referência entre os amantes do pranchão.

Este ano o festival conta com o, então, já conhecido formato Duct Tape Invitational, proposto por Tudor e pela Vans, em que:
-Só é permitido o uso de pranchas de longboard com mais de 5kg de peso
-Apenas se pode usar Single-Fins
-Está interdito o uso de leash
-E aplica-se um sistema de classificação que privilegia uma linha de surf clássica.

Este formato pretende devolver ao longboard a essência do surf clássico e revitalizar os padrões estéticos do qual este nunca se deveria ter afastado. E quem melhor que Alex Knost, Tyler Warren, Ryan Burch ou o próprio Tudor para levar a cabo a revolução "contra-cultural" do surf, aqui mesmo ao lado no país vizinho?

Nesta décima edição a organização propõe também uma reflexão, baseada na história do próprio festival, sobre o eterno dilema e inquietação constante que caracteriza a vida de qualquer longboarder, a permanente dúvida existencial entre o clássico e o progressivo...

Apesar desta proposta penso que, pelo menos durante a edição deste ano do festival, todas as dúvidas ficarão apaziguadas...

SALINAS X _ EL DILEMA from Jan Latussek on Vimeo.



Apreciem o teaser do festival, no qual também se homenageará um longboarder local, Rodro, falecido no ano da primeira edição do festival...dava um excelente filme de surf!

"Lost in The Ether" - Andrew Kidman

Depois de "Litmus" e de "Glass Love" e de mais alguns trabalhos menos conhecidos por estas bandas, Andrew Kidman apresentou em Dezembro de 2010 mais um filme. O trailer anuncia um conjunto de imagens, sons e reflexões sobre as relações entre passado e presente na experiência de surfar com shapes de outros tempos.
Infelizmente este ultimo filme foi lançado numa edição limitada a 1000 exemplares, mas com direito a livro de capa dura (21cm x 21cm) com fotografias, entrevistas e histórias sobre o filme.

Os interessados que se apressem, talvez ainda vão a tempo de garantir o vosso exemplar!

Lost in the Ether from Andrew Kidman on Vimeo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Surf sem preconceitos ou tendências!!!

Homenagem seja feita a um dos mais inspirados realizadores de filmes e clips de Longboard e Retro-Surf da actualidade, Nathan Oldfield.
Este magnifico clip produzido para a Valla Surfboards transmite exactamente o espirito e uma das principais características da verdadeira Cultura de Surf, o despreconceito.
"What you ride means nothing, how you ride means everything".
Inspirem-se...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Solitude...



Hoje sinto-me assim...Alíás sempre me senti assim.
O surf para mim sempre foi isto, uma trilogia entre o homem, uma atmosfera mágica e uma prancha harmoniosa.
Como sempre gostei daquelas ondulações amenas, que relaxam o vento e pintam no céu nuvens de vários tons!!
Em dias assim toda a costa funciona...É então possível que por detrás de um qualquer denso canavial, ou no fim de uma estrada empoeirada, os mais astutos caçadores de ondas...
...Encontrem a mais feliz solidão.

Autoria: André Falcão, 2011

sábado, 2 de abril de 2011

O que é nacional, é bom!

Nacional, com muito de internacional. Alex e Sebastiano, dois membros dos extintos Three and Quarter, formam agora esta dupla, os Youthless.
Quem não se lembra das intros dos Three and Quarter nalguns concertos de outras bandas mais conhecidas ou os concertos em festas no final de campeonatos de Bodyboard? Na minha opinião o seu ska poderoso e produção original, por vezes, aquecia-me mais que as bandas principais.
O som deste novo projecto é bem diferente, mas continua com força e a dar vontade de dançar.
O Alex é nosso senhorio, pode ser que a publicidade dê direito a algum desconto na próxima renda...se não der não tem problema, é uma forma alternativa de "mecenato".
Importante mesmo é que continuem a desenvolver boa música.




Para os que me são mais próximos, neste clip não gosto apenas da música, nem da excelente linha do baixo!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Desintoxicação...

E há um dia em que ela surge, com modos timídos, vai marcando a sua presença lentamente.
Insidiosa, veio, e muito provavelmente, para ficar.

Vai-me lembrando todos os dias que está comigo, que vai ser minha parceira, que casou comigo por contrato.
Estávamos destinados um ao outro desde o nascimento,
Eu é que desconhecia esse contrato hereditário, com cláusulas tiranas a fazer lembrar casamentos étnicos...

E há um dia em que num momento tudo muda, em que ela nos cobra e possessiva, não é do estilo de bater com a porta e nunca mais voltar.
Ela fica para me corroer por dentro!

O futuro deixa de ter várias ruas, o sonho passa a conformismo, a sanidade perde a sua fonte, as cores do mundo mudam e fico a ver de longe aquela que foi e podia ser a minha Liberdade.
Mas que por qualquer lotaria "clássica" não me saiu a mim.

Sou assim excomungado da minha religião, submisso ao teu livre arbitrío e ao teu sadismo.
Agora resta-me esperar que te canses, que o meu desprezo te frustre,

Mas os frutos deste nosso envolvimento, terei que os sustentar para sempre...

André Falcão, 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

Doce Liberdade

Gosto de Blogs, porque tal como no surf, a escrita flui à medida que a vida nos interpela com secções inspiradoras, lips marcantes, ou espumas inesquecíveis.
Para tudo há sempre prazos, compromissos, obrigações, competições, conflitos, intrigas, mesquinhez, dependências, desconfianças, opiniões, inveja, pressões e preconceitos...
Pois, aqui só escrevo quando me apetece, quando sei que vale a pena!
E posso apanhar as que quiser, pois não há quem me cale!
Doce Liberdade essa de poder optar por não entrar, por não alinhar, é que às vezes não apetece!
Sobretudo se for para irmos todos para o mesmo pico, defender a mesma coisa.
Mas o Blog aqui está, tal como o mar, à espera que me inspire e que decida cravar-lhe os meus rails, escrevendo umas linhas.
Doce Liberdade, não cobras ao acaso a genuinidade.

André Falcão, 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Dia dos Namorados!

O Dia dos Namorados comemorou-se esta semana e, de acordo com a efeméride, eu tratei de arranjar uma nova "namorada".

Claro está que a próxima sairá das mãos destes senhores .

Já lhes disse... que não quero nenhuma top-model, cheia de futilidades e susceptibilidades.
Desta vez, também não quero nenhuma "cavalona" com mais de 9 pés de altura.
Quero uma "namorada" simples, bonita, de estilo clássico, harmoniosa e cujas mudanças de "humor" eu consiga aguentar.
Enfim, uma verdadeira companheira de onda!

Mais novidades sobre o desenrolar desta nova relação, é fazer o favor de aguardar...

Autoria: André Falcão, 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Leroy "Granny" Grannis 1917-2011



Infelizmente passou despercebido à maior parte da imprensa especializada aqui do "rectângulo", o falecimento do fotógrafo Leroy Grannis aos 93 anos.
Grannis é considerado um dos mais importantes fotógrafos de surf de todos os tempos, não por ser o primeiro a dedicar-se a este trabalho, nem por ter dedicado toda a sua vida a esta actividade. Grannis, também não ficou conhecido por ser um inovador. Grannis limitou-se a seguir os melhores do seu tempo, mas fê-lo de tal forma que se tornou uma referência. Na verdade, muitas das imagens que contribuíram e foram responsáveis pela construção do imaginário do surf moderno, com raízes na era de ouro do surf na Califórnia dos anos 60, têm a assinatura deste mestre como legenda.

Grannis exerceu várias actividades ao longo da sua vida. Foi carpinteiro, alistou-se na Força Aérea Americana e foi empregado numa companhia de telefones americana, a Pacific Bell Telephone.
O trabalho neste local trouxe-lhe alguns problemas de saúde, sendo que um médico lhe aconselhou a procura de um hobby. E foi, então, que um amigo fotógrafo, chamado Doc Ball, lhe sugeriu que experimentasse a fotografia.

O surf já fazia parte da vida de Grannis, pois nascido e criado em Hermosa Beach - Califórnia, desde cedo que teve contacto com os desportos de ondas, mas a fotografia de surf como carreira surge apenas aos 42 anos de idade.
As primeiras imagens captadas pela sua lente são de surfistas e da atmosfera do surf de Hermosa Beach, acabando por ter os seus primeiros trabalhos publicados na Reef Magazine em 1960. Rapidamente, passou a estar dividido entre a Califórnia e o Havai, registando as imagens de surf da era do longboard do início dos anos 60, onde retrata todo o ambiente de novidade e liberdade vivido, dentro e fora de água, em praias como Malibu, Huntington Beach, Laguna Beach, ou Sunset e Pipeline.
Grannis contribuiu com a sua obra fotográfica e com o seu envolvimento, para as principais publicações de surf da época, tais como a Surfing Illustrated, a International Surfing e a Hang Gliding Magazine e os seus registos, sobre o quotidiano surfístico da época e suas personagens: surfistas, miúdas, shapers e as suas "bombas", foram então largamente divulgados e utilizados em publicidade.



A época aúrea do trabalho de Grannis centra-se no período pré-shortboard revolution, ou seja, do inicio dos anos 60 até ao inicio dos anos 70. Evidencia-se uma perda de entusiasmo no seu trabalho a partir do momento em que Greenough, McTavish, Nat Young e Lynch iniciam a sua revolução "minimalista".
Apesar disto, num tempo em que o surf era mais que um desporto, num tempo em que o surf era algo novo, num tempo em que o surf era um estilo de vida, Grannis teve o mérito de ter sido um dos principais responsáveis pela sua divulgação, na sua forma mais genuína.

Grannis apanhou a sua última onda em 2001 e, agora, 10 anos depois deixa-nos a todos mais pobres. Resta-nos apenas rever o melhor do seu trabalho numa excelente edição da conhecida editora Taschen.

"Leroy Grannis - Surf Photography of the 1960s and 1970s", depois de uma primeira edição limitada para coleccionador que esgotou quase instantâneamente, lançaram uma nova edição com uma interessante selecção de fotos, que vão desde fotografias de dias de surf com ondas perfeitas em San Onofre, a dramáticas quedas no famoso North Shore de Oahu, ou a belissímas Woody Station Wagons fotografadas ao longo da Pacific Coast Highway.
A não perder para o amantes do clássico, salientando que o preço, como é comum para a Taschen, é imbatível.


domingo, 30 de janeiro de 2011

"Longboarding is Punk!!"



Tudo o que se diz por aí e nos nossos media sobre surf está muito bem...mas surf na sua essência é isto!
Joel Tudor Duct Tape Invitational by Vans - Santa Cruz, o "anti-contest contest"!
O carismático Joel Tudor decidiu apoiar o surf exímio daqueles que escolhem outros tipos de shape, que raramente competem e que dificilmente conseguem ganhar algum dinheiro com o surf.
Para isto, Joel "proibiu" os leash's, o excesso de fins e tudo o que flutuasse com menos de 5kg de peso. Convidou 16 dos melhores longboarders clássicos do mundo e mais algumas lendas do longboard como Nat Young e Herbie Fletcher, para uma competição em Steamer Lane-Santa Cruz, Califórnia, onde o mais importante é a diversão e a reunião de toda a "tribo".

Joel refere que: "it's more fun to hang out with your friends than the guy who caught the best wave."

As condições do mar, neste evento tão singular, só podiam estar clássicas e Steamer Lane recebeu este "encontro de amigos" com um clima primaveril, glass e com ondas com óptima formação e consistência.

Para além dos prémios para os vencedores houve também um prémio para o melhor sacrifício infligido a uma prancha, o board sacrifice. Este segundo Joel é um dos momentos altos do evento, como ele próprio explica: "That was one of the highlights of the contest. When I was a kid, I did a contest here and the waves were really flat and this guy rode his board straight into the rock. It was incredible. A board sacrifice is so necessary because somebody is going to lose their shit."
O board sacrifice foi ganho por Chad Marshall, após disputa renhida com o surfista local Jason "Ratboy" Collins, cuja prancha se mostrou indestructível. Chad ganhou $1,000 por conseguir o melhor ding do evento, depois de lançar a sua longboard para as rochas, provando que a sua prancha era uma verdadeira "shittier board".

Para terminar, o menos e o mais importante.
O menos importante, o vencedor: Alex Knost.
E o mais importante, o próximo evento vai ser bem perto de nós, em Espanha na costa das Astúrias, numa praia clássica para longboard, Salinas.
Segundo as palavras do mestre: "The next one is going to be a blast, We're going to be in Salinas, Spain and then drive back to France afterwards. It's cool because Vans is helping everyone out and none of these kids have the comfort of getting to travel with a budget so they're used to having the best time they can in the shortest time they can."

Mais uma vez Joel Tudor em conjunto com a Vans a liderar e a provar que o movimento contra-cultural do surf está bem vivo.
Vale a pena a consulta:

Vans Duct Tape Invitational
Autoria: André Falcão, 2011
Fonte: http://www.surfline.com/

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Al"ex"ternative

Alex Knost é um surfista , residente na California, conhecido pelo seu surf clássico de movimentos refinados, que lhe conferem um estilo único.
A sua visão do surf é muito contra-cultura.
Alex inflama o seu discurso nalgumas respostas a entrevistas para revistas de surf, apelando às origens alternativas e underground do surf e a uma postura de certa forma politicamente incorrecta na forma de encarar o longboard progressivo e o surf moderno e de massas.
Recusando rótulos, os seus talentos não se ficam apenas pelo surf, passando também pelas artes plásticas, pelos audiovisuais e pela música.
Surpreendentemente, Alex é vocalista dos "Japanese Motors", cujo tema "Spendin' Days" integra a banda sonora do filme "The Present" de Thomas Campbell.

E porque não colocarmos os leash's de lado e deslizarmos pelo seu som de linha clássica e pelo seu surf retemperador?!

André Falcão, 2011





Agora misturam-se os dois e voilá...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Colecção de Pintura "de Bolso"


Lembram-se da colecção Livros de Bolso da Europa-América?
Democratizaram muitas obras conhecidas, quer pela sua dimensão reduzida, fácil de transportar, quer pelo seu preço, acessível a todas as bolsas.

Embora totalmente diferente, o livro EN-2, da autoria do Designer, Ilustrador e Soul Surfer João Catarino, é uma obra original por esse facto, ser praticamente uma colecção de pintura condensada num pequeno livro, cujo tema ou contéudo o transforma num valioso guia.
Guia de um roteiro pelas raízes presentes nas terras que a estrada EN-2 atravessa.

Finalmente encontrei o bonito livro de encadernação amarela e pude adquiri-lo.
Foi então com deleite que, nas horas vagas deste bonito dia de sol, viajei com o João e o Buggy na sua belissíma VW "Pão de Forma" ao longo dessa "estrada esquecida".

E marco a marco por entre montes e vales, banhos de rio, aldeias desaparecidas, campos de girassóis, linhas de comboio desactivadas, gentes cheias de história, lá vamos caminhando ao ritmo dos desenhos e da velhinha mas fiel carrinha, enchendo a alma de vida, de simplicidade e de liberdade.

O João, tal e qual a Europa-América, democratizou este seu apaixonante projecto, partilhando as pistas para lhe seguir as pegadas, não só em idêntica odisseia, mas também na selecção daquilo que a vida tem de mais relevante e autêntica. As raízes, os costumes e a cultura do nosso país, presente não nos livros, nos museus ou nas galerias, mas na realidade.
Sendo um leigo em matéria artistíca sinto que o seu trabalho e os que vem mostrando no seu blog há alguns anos remetem para pormenores que aparentemente simples à partida, são, na verdade após a passagem pelo crivo do João, elementos chave da matéria que compõe os lugares, as paisagens, as pessoas e os objectos.
O João capta-lhes a alma.
Para o observador é um estimulo à sua sensibilidade estética, um desafio à distinção entre o bom e o mau, entre o bonito e o feio, entre o essencial e o supérfluo.
Na velocidade de auto-estrada da vida, o João obriga-nos a travar e convida-nos a contemplar...
Autoria: André Falcão, 2011
Imagem retirada do blog do João Catarino: www.desenhosdodia.blogspot.com

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Frase do Dia

Hoje algures numa estrada na zona Oeste do nosso país, encontro um sinal de trânsito com o seguinte aviso, passo a citar:

"ESTRADA SEM SINALIZAÇÃO"

Não sei porque...mas não me saiu mais da cabeça a frase.

Já estou a imaginar o dilema do "Engenheiro" responsável pela manutenção daquela estrada: "HHUUUM, bem, mandamos pintar ou colocamos um aviso???"
Após estudo exaustivo da questão concluí:"Colocamos um aviso, que os tempos são de crise."

Hilariante...