sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Purgatório

Aqui dificilmente alguém chega, hoje,
Para trás ficou muita lama, pedras,
Angústias e horrores,
Mas também, pó e saudades minhas.

Aqui as condições primitivas,
Sugerem rituais de purga,
Há gritos do vento, gritos do mar, gritos meus...
Só não há ninguém a ouvir estes murmúrios,

Aqui estou só eu, as ondas... e os meus sonhos,
Que enormes rebentam bruscamente como trovões,
Arrastando pelo meio areia, pedras e coragem,
Reduzem as ilusões a impetuosa espuma,

São perfeitos, uns atrás dos outros,
Ostentam o que será a curta, mas mais pura felicidade,
Mas estão bem longe desta lamacenta falésia,
E a vida está-se a pôr,

Rochas, inseguranças, ondas exasperadas, sacrifícios, barreiras de espuma, incertezas,
Então suspiro, fixo o horizonte aos meus olhos e faço-me ao mar.
Se não chegar...sonhei com Liberdade!
Autoria: André Falcão, 2009