domingo, 4 de novembro de 2012

Keep Cold...


E o meu interesse por estas paragens não pára de crescer, à medida  que chegam cada vez mais notícias de lá...

Era bem capaz de lá passar uma temporada!

Não nas mesmas condições em que Inge e Jorn o fizeram, até porque o corpo já não aguentaria. Mas ambientes ou estilos que combinam elementos contrastantes sempre me atraíram.

Surf desde sempre esteve associado a referências ideais como destinos de água quente, ondas cristalinas, sol, temperaturas elevadas, chinelo no pé, surf sem fato, enfim “pura vida” de praia.

Assumo, obviamente, que tudo isso é agradável, mas é fácil, comum, banal, massificado.

Mantendo apenas como condição a existência de ondas de qualidade, sempre tive o desejo secreto de combinar paisagens de neve e surf, paisagens florestais e surf, sempre gostei de combinar céus carregados de diferentes tipos de cinzento com surfadas solitárias…Quem pode negar a existência de uma maior comunhão connosco próprios, quando o frio do ar é insuportável, o chão está húmido, lamacento, gelado, quando a chuva nos encharca antes de terminarmos de vestir o fato, mas apesar de tudo isto as ondas continuam irresistíveis?

Talvez sejam as condições duras que obrigam a rituais mais intensos, ou talvez o decréscimo do crowd, que diminui em proporção directa à medida que as temperaturas baixam e o sol se esconde, ou simplesmente a beleza de associar elementos não associáveis para decorar as nossas memórias, a principal razão para tal atracção…

Surf sempre esteve associado a uma cultura de praia, mas há uma beleza romântica em paisagens inundadas de verde e cinza húmido, criam-se memórias mágicas quando se contrasta surf com algo que não lhe pertence intrinsecamente...

André Falcão