A propósito de uma ronda nocturna aos sem abrigo de Lisboa, com a Legião da Boa Vontade:
Sorrisos de pedra,
Florescem à frente dos feixes de luz que anunciam a nossa chegada,
Florescem do cheiro quente da sopa simples.
Sorrisos de pedra,
Resistem ao frio e à escuridão, a que a sopa não resiste.
São tanto e tão pouco ao mesmo tempo.
Nascem sem semente, crescem sem água.
Sorrisos de pedra,
Ignorados pela escura noite,
São a unica moeda, a mais valiosa,
que descansa na tigela gasta.
Que histórias, medos, que gritos escondem?
São a unica janela da muralha,
que a riqueza não transpõe, mas que a palavra derruba.
São a resposta complexa, a um gesto simples,
A única, quando a vida bloqueia mente,
E as histórias entopem a garganta.
Sorrisos de pedra,
São tanto e tão pouco ao mesmo tempo,
Estrelas cadentes, na escura noite,
Que se apagam à nossa partida...
Autoria:André Falcão, 2007
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